A IDENTIDADE DE JESUS

A IDENTIDADE DE JESUS

 

Quem é Jesus? Esta pergunta enquadra-se no que chamamos de “óbvio ignorado”. É justamente por não dar a devida atenção a esta questão que enfrentamos a dificuldade de aplicá-la a nossa própria vida. Quem é Jesus para nós hoje? Ele é um herói? Um mártir? Um mito? Um revolucionário? Um espírito? A identidade de Jesus ocupa lugar central para o Novo Testamento e dá unidade aos seus vários textos. O Evangelho de Marcos é um exemplo da centralidade deste tema.

O Segundo Evangelho foi organizado em torno deste ponto. Até sua porção central (8:27-30), toda a primeira parte se propõe a apresentar o assunto. A segunda parte procura desenvolvê-lo. Nos primeiros capítulos, o próprio Jesus impõe o silêncio diante de sua identidade. Algumas vezes até os demônios são repreendidos para não revelarem o chamado “segredo messiânico”. Por isso as personagens perguntam-se: será um médico? Um exorcista? Um profeta? Um rabino? A preocupação do próprio Jesus é para que a sua identidade não seja mal interpretada. Ele não queria ser confundido com um messias político que restauraria a soberania nacional judaica destruindo a dominação romana.

No texto central do evangelho de Marcos (8:27-30), Jesus pergunta aos discípulos o que os homens diziam a seu respeito. Para eles Jesus era o precursor do Messias, um profeta que prepararia sua vinda, como Elias ou João Batista. “Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo” (8:29). A resposta de Pedro afirma ser Jesus o Messias, mas que messias? Os discípulos saíram de uma incompreensão absoluta, como o povo, para uma compreensão equivocada. Por isso Jesus ordena não divulgassem aquela versão a seu respeito. Então, “começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse” (8:31). A esta revelação Pedro reage (como também os demais apóstolos) recusando-se a aceitar o sofrimento messiânico. Isso porque em sua perspectiva apontava para um libertador da nação que deveria necessariamente triunfar e não padecer. Jesus repreende os pensamentos de Satanás manifestados na fala do apóstolo e passa a revelar sua verdadeira identidade.

Jesus mostrou que o seu ministério estava centralizado na cruz. Desde a infância ela lançava sua sombra sobre o futuro. Por ocasião do seu batismo ele se comprometeu com a vontade do Pai e identificou-se com os pecadores. Diante da tentação no deserto ele resistiu e não se desviou deste caminho. Por isso, a partir daquele momento, “dizia abertamente” (8:32). De modo original Jesus combinou a figura do “Filho do Homem” poderoso de Daniel 7 com o “Servo Sofredor” de Javé em Isaías 53. Revelou que sua morte seria violenta e prematura, mas, intencional, pois era o único caminho para a glorificação do messias diante de Deus.

Saber quem Jesus é permite compreender porque ele morreu. Se ele era o Filho de Deus identificado com os homens, enviado para servir e morrer em resgate de muitos (10:45), sua morte não foi provocada pela hostilidade dos judeus ou apenas para cumprir politicamente as profecias antigas. Jesus morreu porque ofereceu sua vida em sacrifício. Morreu para salvar o homem perdido.

Esta é a verdadeira identidade de Jesus: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (MATEUS 1:21). Esta é a verdade central do Evangelho. Esta é a nossa única esperança. Cristo não morreu para curar doenças, para promover a riqueza material, para livrar de maldições. Se não olharmos para Jesus como Salvador de pecadores confessando nosso próprio pecado ficará patente a ignorância diante da sua identidade.

 

Pr. Petrônio Borges

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